Existe uma tendência na nossa cultura de evitar o sofrimento e negar a dor que passamos em com as perdas. Hoje se é dado pouco tempo, pouco espaço de simbolização, a possibilidade de entrar em contato com a perda é reduzida.
Mas quais as consequências de negar a perda? Evitar o luto não é sem consequências, em algum momento este conteúdo emocional pode retornar na forma de angustias, inibições, melancolia e sintomas emocionais.
Me questionam com frequência (principalmente nos atendimentos hospitalares) se chorar e estar num momento de triste profunda seria algo normal! Costumo reforçar que para além de normal e patológico, é natural vivenciar esses sentimentos, com o cuidado necessário.
Elaborar um luto é entrar em contato com o que perdeu e aquilo fica. Um processo doloroso, mas extremamente necessário, pois a partir da elaboração existe a possibilidade de uma nova abertura diante da vida e relações. Nesse segundo momento, não estamos lidando com uma substituição, pois o que se perdeu é único, mas é possível lidar com este ocorrido e seguir.
E como fazer isso? É comum que seja um período de introspecção e a elaboração segue num processo de trazer em palavras aquilo que se perdeu. É muito importante que possa ser realizado rituais, que se tenha o apoio de pessoas próximas e principalmente respeito, pois cada perda é única e cada qual reage ao seu modo.
O luto exige tempo. Tempo onde o sujeito é ativo no trabalho de simbolizar essa separação.
A perda de algo inevitável na vida de qualquer ser humano, é como uma ferida no corpo que merece cuidado.
Bibliografia
Freud,S, “Inibição, sintoma e angústia”, Em: Obras completas. Vol.XX. Rio de Janeiro, Imago, 1969. Freud, S, “Luto e melancolia”, Em: Obras completas. Vol. XIV. Rio de Janeiro, Imago, 1969. Lacan, J. O Seminário, livro 6: o desejo e sua interpretação. Rio de Janeiro, Zahar, 2016
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